domingo, 10 de maio de 2009

Carente

Bom dia querida.
Não tive a oportunidade de dormir ao seu lado essa noite, desculpa.
Passei a noite sentado no banco lá fora, esqueço dos perigos nesse país eu sei.
Gentileza sua fazer o café, talvez pego depois quando o tempo me dar um descanso.
Fica nervosa com esse hábito feio meu, eu sei. Sei o quanto você quer me ver trabalhando, trazendo dinheiro pra pagar certas contas. É que meus sonhos são lindos quando estou acordado, às vezes fica dificil dormir nessa situação. Dessa vez estava com você no parque, fogos no céu dando um pouco de cor à noite. O gramado era tão escuro quanto a água, seria um perigo sair do lugar pois poderia cair no mar. Era verão e todas as cores davam ainda mais vida ao seu lindo rosto.
Sei, não esta em animo pra escutar elogios pois nossa situação é real. É que eu sinto saudades de quando tudo era novo.
Lembro de quando conheci você, uma longa viagem ao mundo desconhecido.. Nada que eu não estou acostumado.
Aceito chá hoje querida, prefiro chá.
Enfim, você era mais velha por um ano. Isso me deixava tranquilho, pois sabia que não ia deixar meu coração (que no tempo era ainda fraco) na mão de uma qualquer.
E você o abraçou, tranquilizou, convenceu de que tudo era tão lindo de novo.
Nosso primeiro ano se resumiu em longas caminhadas, noites assistindo desenhos velhos, e toneladas de cigarros baratos ao lado da televisão passando filmes dos anos 50.
Querida Deus sabe que eu te amo, não quero errar com você.
Não sei mais o que te dizer, você escutou tudo isso tantas vezes que cansa. Eu cansaria.
Não ligue para sua mãe, sei o quanto ela sempre te disse que casar com pintor era furada na certa.
Eu quero é um abraço, um tiro sentimental na escuridão solitária.

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