segunda-feira, 15 de setembro de 2008

11o

Sou apenas um garoto.
Jogado no canto da minha cama ao lado de agulhas e garrafas.
O mundo ja não me interessa mais.
O sexo me ensina que o amor ja não tem força.
Eu quero tanto achar uma razão pra ficar vivo.
Mais o noticiario me diz que a vida vai continuar a mesma.
Uma coisa triste de se ver.

Eu sou um bom Cristão.
Meu Deus como fui passando pela vida enchendo a cara e enfiando dinheiro na calcinha de puta?
Vou rezar depois de todo pecado que faço no dia-a-dia.
Minha mulher é uma mulher boa.
Meus filhos vão para escola, são crianças...
Não conhecem a vida e nem eu.
Fico tão perdido quando me perguntam algo sobre a vida.

Eu uma vez fui magnata.
Agora ando pelo frio das avenidas de São Paulo.
O vento bate contra minha pele tão forte quanto as pessoas..
As pessoas que aproveitam da minha miséria para tacar fogo no meu corpo velho.
As crianças que, com olhos curiosos perguntam o que eu faço em baixo do viaduto.
E as mães que falam para seus filhos não conversar com estranhos..
Seus olhares são como facadas no meu coração que grita sua dor de viver uma vida que ja foi boa.

Você ja foi a luz da vida.
O pingo de chuva na janela do meu carro no melhor dia da minha vida.
Sua voz era a musica que eu escutava todo dia e não cansava.
O seu rosto só vai embora depois da ultima garrafa de cerveja da noite.
Mais ele vai voltar no dia seguinte pra me lembrar do único erro que fiz na minha vida.
A solidão é apenas mais um fato dessa vida que você podia ter feito parte.
Minha única compania é um homem chamado Phillip Morris que vive no meu bolso.

Somos amantes,cantores,artistas,crianças,vizinhos,pessoas cantando musicas favoritas na escuridão do quarto no 11o andar.